O Flamengo somos nós

Não foi sem cortante tristeza que li ontem matéria em que o nosso eterno Maestro Junior afirmava que não torcia mais pelo Flamengo. E o que é pior, o Maestro diz ser acompanhado pelo Galinho no desprezo pelas cores mais bonitas do universo, a saber: o vermelho e o preto (não necessariamente nessa ordem).

Pra quem não leu, dá um confere no site do Extra. Mas, em breve síntese, Junior disse: "Estou fora. Não quero nada com o Flamengo. Parei de torcer a partir do momento em que passei a trabalhar do lado de fora (...)"

Mas o pior ainda estaria por vir. Quando falou sobre Zico, Junior disse: "Ele é o grande ícone da instituição. Ele parou de torcer porque não quer que as pessoas que lhe fizeram mal se fortaleçam". A justificativa de ambos os ídolos é a de que foram hostilizados quando tentaram exercer honestamente cargos na direção de futebol do Flamengo.

Em resposta, o Capitão Leo, dando entrevista ao site globo.com, disse: "Talvez eles falem isso por causa do sucesso do Ronaldinho. Flamengo tem que se libertar dessa geração de 81 e pensar em ganhar outra Libertadores, outro Mundial."

Peraí: e nós torcedores, onde ficamos no meio desse fogo cruzado? Antes de mais nada: Junior e Zico são meus ídolos, como devem ser de todos os rubro-negros. Mas me parecem meio egoístas e ingratos ao afirmar que não torcem mais pelo Flamengo. O Flamengo conquistou muito através deles, mas tudo o que eles conquistaram foi através do Flamengo.

Poxa: os dois, mais do que ningúem, deveriam entender que o Flamengo não é a sua diretoria. Essa vai passar, uma hora ou outra, vai passar. O Flamengo é sim uma nação, a sua torcida, a maior do mundo, a Magnética cantada por Jorge Ben Jor. Ao dar as costas para o Flamengo, Junior despreza não a instituição ou a diretoria, mas a própria nação que lhe venera.

Que o Capitão Léo está dando de ombros para os ídolos da nação, isso é tão evidente quanto a grandeza de nossa torcida. Mas daí a não torcer mais... ou pior, o que dá a entender, torcer contra o Flamengo para aquelas pessoas não se fortalecerem... E nós? Rubro-negros de todo o país, que movemos montanhas em nossa fé rubro-negra? Que elevamos Zico ao estado de Deus e Junior ao estado de semi-Deus?
 
Meu caro, Junior, um dia hei de lhe conhecer e lhe contar do tamanho de minha admiração por você, do orgulho que porto em carregar seu nome e da alegria imensurável que me proporcionou na primeira vez em que estive no Maracanã, na final do Brasileiro de 92. Mas não confunda as coisas: o Flamengo é sua torcida, e não uma instituição governada por pessoas que desprezam ídolos. Não dê de ombros a quem, em condição de idolatria, está sempre lhe reverenciando.
 
Você é maior que isso.


Quanto ao Capitão Léo, dizia um amigo meu que não se põe música pra louco dançar, ou seja, não se discute com quem apenas quer aparecer. Mas eu não resisto, eu vou retrucar: R10 ainda precisa conquistar muita coisa pelo Flamengo para ser comparado a Junior e Zico no Olimpo Rubro-Negro. Um carioca é pouco pouco, ou quase nada...